CNBB surpreende e pede que bispos escolham um exorcista para cada diocese




Dom Pedro Carlos Cipollini, Bispo de Santo André (SP)


“Exorcismos: reflexões teológicas e orientações pastorais”


Documento doutrinal lançado pela CNBB reforça a indicação canônica de que cada Diocese possua um exorcista nomeado pelo Bispo. 

O título acima é do subsídio doutrinal n. 9, recém-publicado pela Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB, presidida por Dom Pedro Carlos Cipollini, Bispo de Santo André (SP).
O estudo nasceu porque a referida Comissão – “instada a tratar deste tema polêmico qual seja a ação do maligno, a possessão diabólica, os exorcismos e as orações de cura e libertação” – quis entregar ao público um documento “que, apesar da sua brevidade, pode ajudar a iluminar a situação, fornecendo elementos de compreensão e ação pastoral apropriada”. Em outras palavras fundamentadas em São João Crisóstomo: não se fala do diabo por mero prazer, mas, sim, porque ao tratar dele se tem a ocasião de expor uma doutrina útil a todo o Povo de Deus (cf. Apresentação, p. 10).
Quem, com certo preparo eclesial, percorre as páginas do livro sente alegria por ver nele um material breve, conciso e firmemente alicerçado na doutrina e disciplina da Igreja (cf. p. 15) que afirma a existência do demônio e, por conseguinte, sua ação no mundo (cf. p. 17-41). Esta é ordinária ou comum quando o maligno tenta os seres humanos ao pecado ou extraordinária nos casos de possessão diabólica aos quais a Igreja, aplica, pelo poder que Cristo lhe deu (cf. p. 29-31, 39 e 41), de modo muito sábio e prudente, o exorcismo, segundo um Ritual por ela mesma aprovado.
“Exorcizar quer dizer expulsar um demônio, conjurando-o em nome de Deus” (p. 43). O exorcismo consta da forma deprecativa e imperativa: na primeira, pede-se ao Senhor que afaste de nós todo mal, personificado ou não (“exorcismo menor”), na segunda, dão-se ordens diretas ao demônio (“exorcismo maior”).
Tem-se para o exorcismo maior ou solene um Ritual próprio publicado pela Santa Sé, em 1998, e dado a lume no Brasil pela Paulus Editora, em 2005. Seu conteúdo consta de uma Introdução, do Rito de exorcismo em si e de um Apêndice com orações a serem usadas por todos fiéis a fim de se libertarem do poder das trevas (cf. p. 43-45).
Duas normas gerais se fazem importantes: 1) os padres exorcistas devem ser nomeados pelo Ordinário local, via de regra, o Bispo diocesano ou quem lhe faz a vez, conforme o cânon 1172 do Código de Direito Canônico. No entanto, “o exorcista não é alguém que vive para expulsar demônios, pois a sua missão é proclamar o Evangelho, catequizar e, sempre que necessário, impor as mãos sobre os enfermos ou rezar pelos possuídos” (p. 49); quanto aos leigos, não é lícito dirigir orações para obter a expulsão do demônio, nem interpelá-lo a deixar o possesso, de acordo com a Instrução sobre o Exorcismo, da Congregação para a Doutrina da Fé, de 1985 (cf. p. 50-51).
Por fim, o documento da CNBB traz 11 indicações pastorais que podem ser assim sintetizadas: 1) discernimento e análise interdisciplinar da ação do maligno no mundo a fim de se separar realidade e fantasia; 2) conhecer a complexidade que envolve o assunto, de modo a se evitar exagerar o poder diabólico ou traçar um perfil infundado do diabo; 3) ante os que negam a ação diabólica e a eficácia do exorcismo, demonstrar que a realidade é muito mais do que se pode comprovar apenas pelas ciências empíricas; 4) valorizar o sacramento da Confissão e da Unção dos Enfermos (no caso de doentes), bem como a devoção à Virgem Maria e aos santos, além do jejum e da oração, como meios de se livrar do tentador; 5) catequizar o povo no que diz respeito à água e ao sal bentos; 6) reforçar o valor da salvação oferecida por Cristo em vez de supervalorizar a ação diabólica; 7) cada diocese tenha um exorcista devidamente preparado; 8) acolher com apreço e oração quem tem problemas de ordem psicológica, mas recorrem à Igreja; 9) rever o conceito de Missa de “cura e libertação”, pois a Eucaristia é a celebração memorial da presença pascal que devemos participar; 10) a limitação da prática do exorcismo não deve desestimular nenhum fiel de pedir ao Senhor que o livre do mal (cf. Mt 6,13) e 11) evitar pregações que incutem medo exagerado do demônio (cf. p. 51-57).
A obra é, portanto, de grande valor no momento atual da vida da Igreja. Merece leitura, atenção e aplicação prática.

Vanderlei de Lima é eremita na Diocese de Amparo (SP).

Comentários

  1. Eu concordo que cada diocese deveria ter um Sacerdote exorcista, porque estão aumentando as seitas diabólicas a cada dia que se passa. A maçonaria está infiltrada em todos os lugares. É necessário voltar a comunhão na boca para que não aja profanação, sacrilégios com a Eucarístia.

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  2. Gostei do que o padre advertiu as senhoras para os conhecimentos das sagradas escrituras, São Bento foi exorcista. ?.

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  3. É verdade. Muitas seitas tem aparecido e enganado as pessoas com suas falsas doutrinas. O inimigo é astuto e está de olho nos que estão longe de Deus, da confissão e da eucaristia.

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  4. http://vocejavenceu.blogspot.com.br

    https://m.facebook.com/joaobmarinho

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  5. ● “Isso non eczisteeeeeee!!!” “É tudo tcharlataniceeeeee!!!” “Demônios, exus, ondinas, salamandras, larvas astrais, ETs, espíritos dos mortos, venham TODOS contra mim! POR FAVOR!”.

    ● “Exorcismo não existe”. “Os demônios não atacam ninguém. Exorcismo é Curandeirismo. É Exercício Ilegal da Medicina.”.

    Jesuíta Prof. Dr. Padre Oscar González-Quevedo – Especialista em Parapsicologia, muito respeitado na Igreja e no mundo inteiro.

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    1. Amigo Luiz Roberto va estudar a vida da mistica e da ascetística da igreja e não fique tentando defender o diabo. Quem nega a existencia do diabo é porque ja esta com ele.

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Puxa, “Catequese de Crisma Capela de Santa Edwiges”, acredita que só agora tomei conhecimento de sua agressiva e quixotesca resposta? Sou eu ou a CNBB (e você) que está defendendo e revigorando o “diabo”? Se a “CNBB surpreende e pede que bispos escolham um exorcista para cada diocese”, é ela (e você) que está desvalorizando a Deus/Jesus Cristo, não?!

      Leia isso, com calma e inteligência:

      A CNBB, não tendo dado a devida importância às Constituições Eclesiásticas do Brasil, Pastoral Coletiva, N.º 1.194, de 1953, para que “ninguém se ordene sacerdote, nem seja catequista, nem agente de pastoral sem haver estudado Parapsicologia”, colhe essa desgraça do crescimento do pentecostalismo no Brasil. Em alguns lugares, os próprios padres, por não terem tido essa riquíssima formação, e até para não perderem seus fiéis e, consequentemente, seus dízimos, desolados, repercutem esse “cristianismo torto”, por exemplo, dando poderes ao “carro-chefe” deles, ou seja, os “demônios”, que causam medos e pavores nas pessoas, principalmente às mais simples. Isso é por demais muito triste. 😞 😞 😞

      (Sobre: https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2022-01/dom-walmor-crescimento-das-igrejas-pentecostais.html).

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  6. Gostaria muito que o tema fosse mais difundido em nossas comunidades na no novo testamento fala-se muito mais em condenação do que em salvação, Nossa Senhora mostrou o inferno as crianças e no entanto nas homilias ou mesmo em outras ocasiões nosso Padres não falam disso e quando falam é muito superficialmente.

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